Sobre a Companhia

Sobre a Companhia

O posicionamento geográfico de Rio Branco em relação ao restante do país serviu de inspiração, e em pouco tempo uma pequena companhia de teatro acreana conseguiu obter um amplo reconhecimento, impulsionando a circulação e a troca entre culturas nos países fronteiriços e nos municípios isolados da Amazônia. A riqueza da diferença entre as culturas e línguas trouxe questões sobre a recepção do público, pois pela situação de fronteira e floresta do Estado do Acre os espetáculos seriam apresentados para plateias que não falam português, e também em comunidades indígenas ou ribeirinhas, com enredos que tenderiam a tratar de temáticas urbanas brasileiras. O que muitos veriam como empecilho a companhia aceitou como um caminho necessário para sua pesquisa, e a resposta para o problema da recepção foi encontrada no aprofundamento do trabalho do ator, com técnicas que permitem a comunicação a partir da criação de vida em cena. Um novo repertório de procedimentos surge desse processo, e o resultado se exprime esteticamente numa linguagem própria. O trabalho da companhia não rejeita a identificação aristotélica, entre espectador e personagem. Na verdade esse recurso é necessário, para resolver problemas de comunicação que são inerentes às condições da gênese do grupo, e do caminho que pretende trilhar. Esse caminho passa por descobrir o que nos faz únicos e onde somos mais verdadeiros, pois só assim vamos conquistar um lugar no mundo como artistas. Por outro lado, a estética realista não será nunca um cavalo de batalha. Pelo contrário, o apego religioso a qualquer doutrina estética é justamente o que a companhia NÃO quer para si. O teatro tem que ser um espaço de liberdade, para a descoberta de si e do mundo. Queremos que o teatro vá onde nunca foi. Dentro e fora de nós.